domingo, 11 de maio de 2014

Her ou os conflitos íntimos de Theodore



Sou apaixonada por esse filme, por dois motivos, um é o Joaquin Phoenix, sou fã ardorosa dele, o outro é pelo enredo, uma pessoa só e sua vida virtual.

Já disseram que nada no filme tem sentido, que deveria ter sido ambientado em São Francisco, mas daí já são informações demais, o que me fascina é o tema, as pessoas se entregando ao mundo virtual e dessa forma se esquecendo dos possíveis momentos de socialização...

Não pretendo produzir spoilers, mas apenas chamar atenção a alguns pontos interessantes a serem observados durante a história, como a  cor da camisa que Theodore usa é da mesma cor da luz do primeiro cômodo do apartamento dele, percebam que ele se camufla, mesmo dentro da própria casa para não ser notado, aliás, em quase todas as cenas, as roupas tem a mesma tonalidade do cenário, esse fato se reforça ainda mais pela casa ser única, de uma única pessoa!

É interessante quando o Sistema Operacional (SO) pede informações sobre o relacionamento que ele tem com a mãe, a princípio, ele responde que é bom, mas logo diz que o grande problema é que ela nunca ouve sobre a vida dele, mas só sabe falar dos problemas dela... e, abruptamente, o sistema já pergunta se ele é uma pessoa sociável, ele diz que sim, é, mas depois titubeia e começa a explicar... O SO identifica que ele está inseguro da resposta, aliás, é inseguro desde o modo como comenta sobre a relação com a mãe!! Ou seja, está é a primeira marca da socialização dele...

Outro ponto importante de ser identificado é sobre a importância do relacionamento e como se estabelece... A personagem é uma pessoa solitária, que sempre lamenta, em pensamentos sobre o fim do casamento. Se compadre comovido com a solidão que Theodore vive,  arruma alguém para ele conhecer e, talvez, quem sabe, o acompanhar na festa da afilhada. Curiosamente, a SO ou Samantha o estimula a encontrar a garota, expõe as diversas qualidades da candidata: PhD, inteligente, bem sucedida e linda. Bom, vamos ao encontro! Imaginem... ele define a garota como Tigresa! Ou seja, o que todos os homens desejam linda, bem sucedida e uma tigresa, mas ele foge, tem medo quando ela cobra uma postura sobre o que ele deseja do relacionamento.

Se pensarmos como é a relação dele com a sua ex-esposa, esse é um traço marcante, pois sempre identifica que ela se afastou, que ela era extremamente crítica, que ela sofria por ser assim, mas enfim o que ele passa é que o problema é ela, que ela se fecha num mundo dela. No entanto, em outro momento, quando a Samantha pede para conversar com ele, sobre eles,  imediatamente, surge a desculpa que se ela não quisesse falar tudo bem, ou seja, ele foge de conversas que podem aproximar e estreitar o relacionamento. Daí se começa a perceber como era seu casamento, pessoas solitárias, que compartilhavam os bons momentos,  tanto que quando estavam felizes, sempre estavam juntos, nos momentos de conflito, apenas os olhares se cruzavam...

Ou seja, Theodore, apesar de saber escrever sobre sentimentos, ora, esse era o emprego dele, sabia apenas expressar a teoria, mas nunca vivenciá-las, qualquer passo a mais do outro em direção a ele, já não conseguia acompanhar. Isso claro quando o SO começa a não ficar presente, à disposição, pois no mundo virtual passa a se encontrar com outras pessoas, mais interessantes, tanto que estabelece um contato com Alam Watts, um filósofo, que entre seus temas de discussão estão a a identidade pessoal e a verdadeira natureza da realidade... A partir daí, pode-se estabelecer que a necessidade das pessoas terem pontos em comum, ou, ao menos, pontos distintos, mas que crescem paralelamente, para que possam estabelecer trocar, pois há a necessidade de crescimento mútuo, e não estamos falando de crescimento profissional, não, nada disso!!! O crescimento é interior, na troca necessária entre duas pessoas, para que ambas evoluam e aprendam a compartilhar o cotidiano...

Enfim, há mil detalhes que podem ser expostos, sou apaixonada pelo filme, já o vi, até agora, 4 vezes, cada vez encontro mais pontos que aos quais me identifico com ele, mas acredito que a questão do relação entre o casal é a parte que mais me perturba, talvez pela identificação com um momento ou diversos momentos da vida!

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